100

No centésimo post decido fechar esta página. São muitas mudanças que tenho de efectuar. Já estou com saudades, mas são necessárias para a minha sobrevivência. Compreendam! Muito obrigado a todos os que aqui conheci e acompanhei - me conhecereram e acompanharam; foram um suporte importante e ajudaram a entender-me um pouco melhor. Fiz descobertas de amizade, carinho, humor, solidariedade que me alteraram a visão (apesar da miopia) do mundo que temos; e de raiva, esperança e paz. É com elas que fico e vou estar. Agradeço tudo o que partilharam (eu volto, prometo! - só não sei quando!) ao longo destas 11 semanas. A todas as humidades que se ausentam temporariamente da minha vida!
(Fico c/sem este blog mas s/com todos vocês! - beijos e abraços)

Um grande bem haja!

JJ

In Love

Ontem acordei a cantarolar o In my arms desta senhora. Hoje estou assim, só, sem saber o que fazer... acho que vou ver museus!


2 hearts - kylie minogue

Ou escalar montanhas e gritar lá de cima. Ah, e há sempre o mar...

17.05.08 - 16.17h: Lisboa, Moça e Menino II

(Ontem, com a moca sem cedilha, ainda desimpedi o corredor e organizei a despensa – tenho de pintá-la)



Compro pão à pressa (09.30) para tirar o carro do sítio mas vejo que está bem e fica lá até ao almoço (milho e ovo cozido, queijo fresco e cebola – branco e amarelo como a cozinha!), depois do banho; banco e café. De classe f.m e programa no bolso, vamos ao encontro em sítio do costume, sob os jacarandás, seguimos o rato pela estrela até aos frigoríficos de alcântara. Como merchandising temos bonecas estilizadas japonesas, descemos ao bar na cave mas não ficamos. Encontro surpresa no CCB com ding ling a corrigir meninos, debate educacional, pallmall s.f e mortalhas com mandril; meia de leite, pastéis de belém e descubrimos que a revista sobre design influente é toda em italiano. Ultrapassa-nos à saída do passadiço inferior um bando de psp’s em jogging e calção de licra. Seventies a rockar – deixo a ana e o frank não me pode receber pois tem a sala cheia na alfândega.

Lembrança do aladan, vou ao bacalhoeiro ( já não sabia porque gostava tanto deste sítio): lomos na parede, jovens ligados à sua própria rede navegam em harmonia sóbria num reggae com balanço feliz – soa o tema do windows a iniciar/encerrar... Agora beastie boys: levam-me para o salão de festas para poder fumar (19.30), está uma rapariga a dormir nos sofás do canto; abro a janela lentamente e enquanto escrevo, ela acorda, travamos um breve diálogo e começa a limpar a arca de madeira que serve de apoio. Bossa nova, anoitece. Ontem trouxe-me aqui para ver e recordar alfama, onde cursei e me perdi seis anos. Relva fresca, ar puro, avanço. Turistas enchem as praças, pedem direcções, a polícia impede a passagem no jardim do tabaco e após chafariz d’el rey, preparam a prova LisbonDownTown. Largo de são miguel, subo até ao adicence para café, vejo os maus tratos a idosos, mas não o senhor manel e a dona amália. Saio a assobiar, já quase na penumbra, por entre o jogo de futebol de bairro dos miúdos, sob a parreira.

O eléctrico faz-me uma rasia, as luzes da ponte no fio da paisagem, engarrafa-congestiona-mento aos restauradores – Liberdade! A loli não vai sair e nós repetimo-nos; subterrâneo em espera, coleguices na bica, congratulo as duas mães dos bares da frente, percorro o interior das vidas em casas fechadas, fiéis ao bairro com shots de fruta, gereberas vermelhas para todos (bascos e galego), até ao taxi com atalho de foxtrot, pausa suave, o ex-do-ex-de mikonos veio ver-nos e, acidentalmente, esbarramos um no outro, não nos largamos até à manhã seguinte – almas puras – finex, politécnica, front sit... Da casa de banho, o centro desportivo da mouraria (existe!) e do quarto o torreão de baixo na primeira imagem da primeira parte deste post: adar, adar, pões-me a navegar, e eu que ganhei medo no mar...

Café e Cigarros

Gostava de ter um contador de palavras para saber as que mais uso por semana. Parece-me que os vícios estão a ganhar...



(também pode ser hereditário!)

16.05.08 - 13.12h: Lisboa, Menina e Moço I


Ilustração de Marcos Oliveira

Ontem foi folga da ana. Em mais um dia estremunhado, vou buscá-la na sua calçada depois de muitos transportes matinais para vermos bonecos (eu já explico). Spinning around inicial: avenida do almirante, londres e roma, virando na monumental estátua do padroeiro, infiltrando-nos nos bairros do estado novo. Sob o guarda-chuva da missão – presidência portuguesa do conselho da união europeia – de cabo cor-de-laranja e logotipo pago, lanchamos na tatu da aldeia, falamos da propensão humana para a empatia, passeamo-nos nas entre-ruelas, aguardando a pipa. Mais gatos, vemos abordagens estúpidas em séries juvenis e os avanços da vida. Já tetra-hidra-canabinados, circulamos inversamente até à alameda do fundador deste país: um miradouro inesperado sobre a fonte luminosa desperta-nos pela luz mortiça e aguaceiro miudinho com vista para o técnico. Descemos a escadaria, e uma atracção da infância leva-nos à descoberta de um playground para crescidos – oferecemo-nos alegria, memória e movimento, às voltas com o nosso corpo, suspensos no tempo. Jantamos debaixo do império e seguimos para o Maria Matos.

Queríamos o programa do júri – os melhores do animateka – no king, mas o prazer leva-nos à competição 03: a surpresa inicial de uma obra gráfica a preto e branco, de sequências sugestivas de sons sobre o coração da cidade e a sua sombra – becos e escadinhas levam o Homem por tascas sujas de fado, os carris acalcetados do eléctrico e o ruído dos cabos, as noites perdidas terminam nas mecânicas tipográficas e ardinas com boas novas, silvos e travessa ondulante do tejo num cacilheiro matinal – pelo meio uma pequena parábola com lua viajante em sonhos de meninos. Segue: um conto zen em russo para apresentar a vizinha coreia - primeiro plasticina, depois ilustração de recorte – do medo engrandecido do não ter à dádiva do partilhar até à eternidade; dois episódios de terror cómico sobre os riscos do próprio monstro, alertando para o perigo da insónia em frente ao televisor; num estilo oliveirista, uma cadência calma, sugestiva, aquática e muito feminina... sensualidade apresentada pela própria autora presente no público; uma portuguesa brinca com a imagética da palavra no discurso visual; uma espiral de rituais quotidianos e objectos a girar num vazio-vácuo aceleram, caricaturizando o destino final em escalada de caos e violência; humor negro atingindo as crianças e uma visão da morte instantânea e arrebatadora; animação muito riscada e psicanalizada de uma vida curta; outra ainda que já não me recordo e termina com um conto de kafka pensado por japonês, novamente a trágica sur(-)realidade. Hoje, à continuacion, Museu do Oriente.




(a imaginação/tecnologia são coisas fantásticas; mas o cenário pode ser cada vez mais real...)

Afinal o Catatau Tem um Blog...



É a gozar, mas até é engraçado imaginá-lo atrás do écran a escrever posts daquela natureza... a abraçar-nos a todos!
Já editados os seus melhores comentários!



(falando em edições, quem tem duas páginas que parecem um blog é o sr. Paulo Teixeira Pinto, em análises lógicas e profundas com o toque certo de poesia própria, filosofias de poder e ditos alheios actuais; o artigo/post Dicionário de Português-Português sobre o 25 de Abril delata os exageros da liberdade e conclui com as nossas pequenezes - ainda bem que o meu irmão compra o DN ao sábado!)

15.05.08 - 07.13 / 07.52h: History Repeats ITself

(Aviso sobre Conteúdos, blá, blá, blá..., qualquer semelhança com a realidade... é pura ficção erótica!)

Miracles
Atalho por alvalade, estrada com troço de calçada, torrão; boleia a comum desempregado com ar de agarrado até alcácer em curvas no meio do nada. A lisboa, apenas para entregar acto isolado. Começam as rodadas de amigos por telefonemas. Esplanar na brasileira com ding ling (que tal o cd?), mário alto de trolley, libelinha agrilhoado troca perca de carta por serviço comunitário. E no quarenta e um forma-se o círculo com o ex-namorado de mão lixada, açores e suiça. À espera de psicoactivos, vemos a amy em concerto, aos beijos na sala vermelha – concretizam-se as coincidências anteriores - até nos fartarmos.
Ainda circuito de fuga ao álcool até aos subúrbios, regresso ao bairro para seguir décio de scooter até à travessa do meio do forte. Uma hora para abrir duas portas, mais o revistar da casa do celso (que não revejo à meia década) em busca de preservativos. Sexo bom e carinhoso, penetrar e beijar ao mesmo tempo, castelo e graça com vista da casa de banho, mártires da pátria do quarto e corredor. Dormir abraçado a alguém...
Memórias intermitentes, boleia rolante à chuva com mochila no meio, chocho atabalhoado e fugaz, já sem trânsito até casa.



Night Two
Mesmo bar, agora com carmo depois do jantar, com as justificações da demissão, de vento em popa no mondego e ria formosa. Mesmos personagens, acompanho-a ao golf. Volto para purificar-me até ao abandono total. Good Night, Irene (perder tempo é divertido! – só boas frases dos diálogos do filme na sua propaganda a negro) – vejo-a! Espalham-se freneticamente cartazes nas esquinas, na hora de saída. Viro no século, passo o trabalho do mano e peço para entrar no prédio verde. A laurie anderson chama-me (X=X), bebida, bloco e cinzeiro. Imagens sobrepostas de filmes antigos, projectadas no redor de paredes brancas; Jim morrison (the end) carrega os putos fashion do bar, o gainsbourg ama-os (i go and i come, you come and you go... skin to skin), zuvi-zeva-novi.
Automático até... (it's raining, man!) ao antro. Show sem débora crystal assistido na parceria de L que agora vive por ali, re-encontro mais gente do antigamente. Popers e joints alucinam a dança. Saio e caminho calmamente em passerelle até à rotunda central (no quarto piso subterrâneo fica o parque de viaturas rebocadas pela polícia). Enquanto amanhece vou escrevendo estes dizeres na esperança do metro para casa. Do lusco-fusco sai uma figura que se move por entre as barraquinhas da feira do livro; fecho o moleskino devagar e mamo o mulato devagar enquanto ele filma, faço-lhe um profundo botão e continuo até à sua ejaculação na minha cara. Compara-me com o tarantino e explica que a sua namorada ainda não aprendeu a fazer assim. Cumprimento dread, lavo o rosto no aspersor (que desperdícioperante o manto cinzento que nos cobre) e apanho o primeiro da manhã. Cool.

12.05.08 - 15.36h: Um tal de Júlio...

Myanmar, Fátima, Etna, Sichuan, o Rocío, o Diabo...

Inspirado por todos, o que também me passa, nestes dias de insatisfação intrínseca... (tradução livre do espanhol-argentino), em papel ou digital, whatever!


“Como não só escreve como também gosta de passar-se para o outro lado e ler o que escrevem os outros, Lucas por vezes surpreende-se com o difícil que lhe resulta entender algumas coisas. Não é que sejam questões particularmente abstrusas (palavra horrível, pensa Lucas que tende a pesá-las na palma da mão e a familiarizar-se ou a afastá-las consoante a cor, o perfume ou o tacto), mas de repente, há como que um vidro sujo entre ele e o que está a ler, de onde impaciência, releitura forçada, bronca à entrada e, no final, grande vôo da revista ou livro até à parede com subsequente queda e húmido plof.
Quando as leituras terminam assim, Lucas pergunta-se que diabo pôde ocorrer na aparentemente óbvia passagem do comunicante ao comunicado. Perguntar isso custa-lhe muito, porque no seu caso, jamais se põe essa questão e por mais rarefeito que esteja o ar da sua escrita, por mais que algumas coisas possam apenas vir e chegar no final de difíceis transcursos, Lucas nunca deixa de verificar se a vinda é válida e se a passagem se opera sem obstáculos de maior. Pouco lhe importa a situação individual dos leitores, porque crê numa medida misteriosamente multiforme que, na maioria dos casos, cai como um traje de bom corte, e por isso não é necessário ceder terreno nem na vinda nem na ida: entre ele e os outros dar-se-á uma ponte sempre que o escrito nasça de semente e não de enxerto. Nas suas mais delirantes intervenções, há, por sua vez, algo tão simples como o jogo do burro ou a bisca dos três. Não se trata de escrever para os outros senão para si mesmo, mas um mesmo tem que ser também os outros; tão elementar, meu caro Watson, que pela desconfiança, pergunta se não haverá uma demagogia inconsciente nessa corroboração entre remetente, mensagem e destinatário. Lucas olha na palma da sua mão a palavra destinatário, acaricia-lhe a pelagem e devolve-a ao seu limbo incerto; pouco lhe importa que destinatário tem, assim, no instante, escrevendo o que ele lê e lendo o que ele escreve, que se dane.”

Julio Cortázar – Un tal Lucas, 1979

(esta amostra de Terre d'Hermès deixou-me inebriado - só se fôr de vez em quando - ainda bem que as açucenas só florescem uma vez por ano, um cacho por pé...)

ID



Eu sou o passageiro, é a minha vida, único pertence que me leva para onde quero ir (mesmo que não saiba). Uma simples homenagem escrita pelas letras da sua matrícula, dez anos antes de o ter – escolhémo-nos há muito tempo atrás, Freud que o diga...


Impulso desejado
Inspiração duradoura
Intersecção direccionada
Inovação deontológica
Inerência democrática
Irrelevante desastre
Imortalidade dourada
Identidade delineada

09.05.08 - 16.43h: Atrás de Europa*

Estou parado.
O mecânico foi um querido e o bisnog também – veio visitar-me e seguimos para o bairro de táxi para buscar a bé. Uma birra ultrapassada pelo diálogo e compreensão. De volta ao pequeno mundo: travessa do jasmim, rua dos prazeres, andreia no largo de jesus, bissa e mike em assaltos virtuais, nuno na esquina dos armanzéns do chiado, M.O.em banca aos sábados na anchieta, com mano de metro. Passagem pelas comunidades...


Chove aqui.
Ontem desci de madrugada para colos, almoço no sr. Costa; hoje, última sessão antes das de avaliação em são teotónio (convidam-me para jantar de júri em grupo que acompanhei).
Ontem desci a odeceixe paramergulho rápido e sesta nu na areia. Comi e morri. Debato-me com a inspiração de free-lancer para artigo sobre a matemática em revista infantil. Almocei no clube grátis pelo M, saudações à cozinheira (minha formanda), o minivai buscar o seu actual ao expresso amanhã.

Agora faz sol.
Preciso de descansar. Saraivada em bragança, ruína das culturas (será que a seca já la vai?). Espero pelo visionamento da apresentação final na secundária. Não consegui entregar o currículo em mãos neste CNO.

* Sinto-me transformado (como o único zeus aqui) a correr pela vaca da minha vida! Será que a vou agarrar pelos cornos? –Tu também, carmo.

07.05.08 - 14.44h: RetroChic

Aceitando o desafio de pantufas, através deste site, foi o que me calhou... E eu que já sonho no recheio do velho ninho...
São ideias de (re)decoração! (em inglês, desculpem)

RETRO CHIC
You have a collector's eye for individual pieces that give your home a real sense of personality and style, that special je ne sais quoi. The overall look may be retro, but it's anything but kitsch; your innate understanding of what works together (not to mention the origin of each piece) embosses your home with an enduring elegance of its own which is neither overtly modern nor faux-period.
Living Room
Your outlook is shaped by a love of design from the recent past. The Europhile living room revels in style icons from the not-too-distant past. It's almost modern, but recreates a perfect mythical ideal of our parents' youth - of picket fences and bubblegum pop, ice-cream sodas and sleek classic cars with elegant tail fins. All of these details are useful design references for furnishing your living room: this is a look that is fun and optimistic, but also streamlined and knowingly nostalgic. Accessorising the room with a more classic look will certainly provide a counterpoint to more outre pieces of furniture, but beware of diluting the look too much or, indeed, over-egging it. Cool, vibrant colours make a living room feel fresh and airy, while glamorous prints and patterns are fun and stylish. Having worked wonders in the kitchen, you deserve a bit of quality time in the living room where you can relax and unwind.
Bedroom
It's a man's world in the master bedroom. Sleep is fundamentally important to our well being. In busy towns and cities, noise can often hamper a good night's sleep. Soft furnishings really do absorb sound, and touch is such an important sense in the bedroom, from crisp, linen sheets to wool or even sheepskin underfoot. You have quite a masculine - some might say hard - style in your bedroom, using earthy, rustic colours and textures to create a sense of harmony with the natural world.
Dining Room
You're a modern maverick, a supremely elegant entertainer. At home, you have a fresh, contemporary dining style that is versatile and achievable on almost any budget. Keeping the basics simple, try using colour or picking something a bit unusual to add character and to give the dining area some definition. Good design and quality materials can really lift a place setting. When it comes to entertaining, you like to pull out all the stops.
Home Office
You have a place for everything and everything has its place. No matter how independent you might be, like everybody else you'll have bills to pay. A dedicated home office will help you keep on top of the 'boring bits'. The modernist adage that form should follow function is nowhere better demonstrated than in the home office: keep things simple and add your own sense of style by using a splash of colour or a single, well-chosen decorative piece.
Conclusion
Your home is sharp and modern, but with a nostalgic nod to an idealised world in the not-too-distant past.

May Day

Dois meses no calendário e... nada.
Feriado na irlanda, grã-bretanha e holanda.
Lua Nova.
Boas viagens para toda a gente!

05.05.08 - 13.02h: 1, 2, 3, 4*



1.
Sob a humidade fervida e aconchegante do calor do sol, a terra desponta, desabrocha, desflora. Os bois (re)pastam(-se) no prado... Afluxo de gente para o equador, perco (ou ganho) uma hora em volta por coina por gasolina, mais duas paragens por café, jornal e água e corrida a castro por gasolina novamente.
Ontem a proposta da bissa, o passeio da vicki da lusófona à portugália por caña e galão, o filme dos quatro em jantar by monkas (totalmente), um bom hábito deste ano. A patética de tchaikovsky, colecta de jazz, bohemian like you, dandy wahrols, chill out by john lee hooker, janelas verdes – as portas abertas da multiculturalidade musical.

E contorno a rotunda do rosário. Atravessam a estrada de neves corvo atrás de pato, gente caminha nas bermas, os carros merendam debaixo da ponte em feriado, pássaros quase suicidas, igrejas isoladas.
Abraço duradouro, almoço sozinho e fazemos bolo enquanto falamos de estabilidade económica. “Vou viver quantos anos mais?” questiona-se a mãe; visita da guis-zottis com pai aniversariante também – café nos gagos con traduzione. A população gatil duplicou nas últimas semanas: a titi teve seis e a pretinha três. Durmo cedo depois do terceiro harry potter em espanhol.


2.
Amanheço também cedo para lavar o carro (já não vejo pelos pára-brisas), café no gonçalves com carmen. Agora sim, a natureza no seu esplendor! Atrás de transporte de camiões, vendo os bichos mortos, ultrapassar carroça de lenho puxada por burro e velhote, cão atravessa devagar na corte zorrinho, moiral correndo atrás de quatro vitelos desgarrados à entrada da aldeia dos fernandes.
Cópias pela rosa na inde, outra sessão com miúdos que pensam a cerveja como bebida dos “grandes” (e eles são!) e que conhecem os malefícios do tabaco – é tão bom pô-los a falar... Patraquim liga com presente e teatro; sabóia tem a maior taxa de suicídios da europa.

Assistência a parto porque alma está elaborando arqueologia para exposição, gémea no alto à minha espera (lavou, limpou e redecorou tudo,que linda!). A terapia do afecto e confiança feita por festas no pelo e ventre inchado de mamilos salientes em caminha de verga dos chineses, motivando, olhando, acarinhando a gata branca.
Afinal é hoje! Acelerar de volta para a capital para despedida de solteiro: jantar na mariquinhas, karaoke em la calle, dali camões, purex, lux (lolita saying boring!) e m-box (reencontro décio!) – tudo por pistas e charadas em fotografias. Até fechar! Pequeno almoço inconsciente com minerva. Juntos, todos, outra vez!

3.
Bebemos e fumamos demais! A pé, a casa da nora, acordar cristi (que vai a pina bauch), passear gira, english breakfast por jô com janet, sofá às dez. A resaquinha ao acordar sem planos, café no conde barão (e pedro e filhas), investida vitamínica com banhos, buscar carro esquecido e voltar para iniciar a segunda parte. Sempre brindes e surpresas!
A8 no auge do pôr do sol com três passageiros, encontro com os dois que faltavam à saída das portagens e seguimos a IP6 até à prainha escondida do lado direito da península do baleal (coincidimos!).

Iluminados por tochas em toalhas espalhadas na areia, jantamos frangos e bebemos minis, cantamos - continuam a chegar maravilhas...! Um céu óptimo! Disfrutamos e arrumamos tudo para bar ao lado, bruno’s beach de profunda electrónica e regresso desejado à irmã da lucas. Até de madrugada em jogos (brigadas e carregadores sagres) e danças à chuva, matrecos e música alucinógena (catita e oferta do noivo), cair na pista...


4.
Despertos na vivenda fresca por acidente despedaçante de chapa (tudo vai correr bem, bibona!), eficiente equipe de limpeza, os abraços e despedidas, as sandes vespertinas e o passeio costeiro pela baía de peniche, caldeirada na rua de trás, gaivotas espiam, a volta pelo forte e café (com dupla partida) sem não antes regressar ao local de sonho e fotografar outro ocaso com minerva.
Avaria na subida íngreme da IC16, sem saldo e quase sem bateria (e é só uma peça que se solta e faz disparar o conta-rotações...), fazem-me descer para pôr o triângulo e caminhar com o colete reflector até casa (ainda bem que ligaste, zé gato; desculpa cunhada! Obrigado mano!).

Já depois da meia-noite, acompanho o desesperado condutor do reboque até ao cacém e daí, o irmão a casa. Energias de rastos, aqui estou “a fazer pela vida” à vossa espera.



*... Tell me that You Love me More (dizem que me Amam Mais…) – afinal vou ver Feist, o casamento é só no fim-de-semana a seguir.

01.05.08 - 04.15h: Dia da Mãe

O primeiro dia de maio é o dia da mãe. Sempre foi. Hoje cumpre 60, teve-me aos 30. Foi uma miúda da aldeia a brincar com as pedras, o pai pastor ausente e a mãe, serva e orfã, que só conheceu a vida de trabalho doméstico e teve de criar seis filhos entre a ceifa, o pão, a lenha, a azeitona, o azeite. Cresceu em tempos de fome mas continuou estudos (e a cheirar o escape da carreira) no colégio de mértola e no magistério em faro. Voltou para a terra, tirou a carta (a primeira mulher do concelho), virou professora, perdeu os longos cabelos em corte à garçone, calçou botas altas, casou com o padre. Exigente e carinhosa, extremos de fúria e uma calma apaziguadora tornam-na deliciosamente bela (até os prazeres no nome).

Um orgulho - apesar do meu quebrar de afecto neste seio, melhorado pelo tempo. Amo-a pelo que gerou, pela forma de educar (claro que também me chateia às vezes – eu já me chateio menos), pelo sacrifício e pelas dores que tem e que toma. Fuma (começou aos vinte como eu e agora queremos parar). É uma viúva serena, isolada no seu palácio cor-de-rosa (“para quê ainda mais casa?”), a pintar, a restaurar mobília (a dança das divisões!), a alimentar os gatos e cultivar uma horta, com o sempre fiel sansão. Amo-a e é das grandes certezas o seu infinito e profundo amor por mim. Muitos Parabéns, Mãe, neste teu dia. No verão ofereço-lhe um lenço fúschia (é assim?).



Ah, também o é do trabalhador, dos sindicatos e outras convenções sociais. Tive dias plenos de mulheres (pretty womans!) que são assim: fazem-se!

29.04.08 - 21.26h: Trio d'Odemira 57/67

Do mundo secreto de peter gabriel, aos duetos nocturnos do frank sinatra, as ilustrações musicais de pintura pelo júlio pereira, os rock-blues ultra-românticos de roy orbison – esta é a actual banda sonora a k7 dos últimos vai-vens. A grande descoberta foram os mariachis alentejanos que cruzaram cancioneiro popular, tradicional alentejano, os hits latinos dos sessenta, rancheras mexicanas (puta coincidência), fado. Estive ano e meio aqui até ao desemprego e pé partido e já depois de sair estas gravações com cinquenta anos vêm parar-me aos ouvidos. E recordo amor, infância no banco de trás com a mãe a cantar as modas da altura, charradas puras...

Aqui vão os títulos: guantanamera; história de um amor; cartas de amor; el reloj; vocês sabem lá; perfídia; alma, coração e vida; ti ana majora; rio mira; ribeira mota; lembra-te ó ana; abalei do alentejo; camiñito; ruega por nosotros; una aventura mas; novo fado da severa; quiereme mucho; ciao amor; malagueña; sol nas minhas mãos; és a minha canção; as minhas mãos nas tuas; beija-me em sakurambô; a praia.

O meu trio de odemira foi este triângulo da vida – as gémeas e eu! As refeições partilhadas (mais na casa do lado, a tratarem de mim), os relatórios diários entre a câmara e a fundação (mais esta última, éramos dois em avalanche), as guerras de poder eternas e a nossa exploração, sempre a fazê-las em paz, a preta nina e a branca frida, adormecer no sofá, conspirarmos os conspiradores, almoços na varanda, cafés nas esplanadas, os Amigos (carlo de aniversário recente, mini, ana, manel, zaida, isabel e quim e rebento). Três copos à espera de vinho.

Orientar sessões de sensibilização para prevenção de toxicodependências em colos e são teotónio – correram bem; viagens com boleia dada e tida, cumprimentos e afectos recebidos pelas paragens pela vila (vizinhas, os homens dos cafés, adultos em reconhecimento de competências, a juventude criativa da região), roseiras em flôr nas esquinas, fôfos de amores-perfeitos nos canteiros pós festança rija de abril, o rio continua a correr suave e luminoso.

27.04.08 - 00.57h: Confesso

Confesso que amei (nem que fosse por breves segundos) Todos os homens com quem estive nesta Vida. Mas temos sempre chapadas de luva branca (inspirado pelo rapaz do calendário)


I'm not gonna teach your boyfriend how to dance with you - Black Kids

A Todos os Fiéis de relações abertas!!!

26.04.08 - 23.48h: Get Down, Get Down

Caros Amigos,
Faz uma semana do querido jantar em que nos vimos e desde lá muitas peripécias foram sucedendo até à eminente gripe que agora me cerca. Terça foi o último dia: queria um trabalho, tive-o (só falta pagar) e nessa noite deu-se ainda o reencontro com os irmãos delgado. Foi para o trabalho de sociologia da vida quotidiana que este blog ganhou o impulso concretizador (e agora outro wwwend!) – isto de nos auto-analisarmos numa prespectiva de acontecimentos, rituais, pensamentos e sentimentos, procurando chegar à influência dos outros em nós, ou ao que em nós nos torna todos, tem muito que se lhe diga. A loli adorou e não podia parar (não fui ve-la quinta às oito da manhã mas ela também disse que não foi muito interessante). O bruno foi aguardado, fumado e devolvido com mais vontade às sua ocupações actuais. Muito bom!

Quarta entra-se na espiral nocturna: buscar bissa para pequena saída-aniversário com gente dos states; voltas para fumar e estacionar, jantar na adega do minho na bica, reencontrar jesus à porta da brasileira, duarte nuno ao sul com adar e outro, conversa sobre judeus e televive e engenharia e futuro, cocktail de gente famosa com coentros, no cinco e esplanada em frente com aladan, clau e bé e francês e amigo (a energia dos egos pequeninos e a apatia consumada antes do regresso a berlim). A viagem para sul aos som das cassetes da emi: paragens, pressão dos pneus, beja como aldeia na busca da segurança social (em vidro, no lado oposto), odemira a rechear com celebrações, gémeas de surpresa, ténis no intervalo, vinho para a festa, ovos estrelados para combustível.

Até alte pela serra, ao lado da igreja, em obras, atendo à solicitação: lombo assado salgado, queimar todos os cartuchos, mini na fonte velha e regresso desmaiado com assombro pela revelação da infância. A esquecer! Percurso ventoso pelas rochas adjacentes, banho no vigário, ac/dc do meu nascimento, direcção quarteira com saudades da paulinha a prepararem despedida de solteiro do tigo, guis e zottis no aeroporto da capital e enviam-me para o trafal. Crusing com cozinheiro alemão para tarde felix. Toda a tarde nús no meio do campo até anoitecer. Jantar só no shoping, dormir no carro até ao regresso delas e pai e pina. Bombons italianos com recheio de licor, sofá e pequeno-almoço ao nascer do sol; perseguição amigável até casa, onde dormito de trombas. Tenho saudades vossas e também preciso de uma revolução.
Até já!



Extrañote vicki, oscar. Besos.

22.04.08 - 01.00h: À Terra, À Vida


Neste ponto minúsculo perdido no espaço, concentrado por fogo e dele formando rochas móveis que vão arrefecendo, coberto por gases que se movem sob a sua superfície e sobre ela se precipitam, abraçando estas camadas, fecundando-as num líquido puro e transparente, e onde milhões de células se juntam para formarem todos os organismos vivos que aí habitam, gira sobre sí próprio um grão de areia no universo de milhões de sóis. O seu valor é único para todos os imensamente ínfimos participantes que já tentam fugir dali pela criação de ainda mais artefactos que, se por um lado o permitem, por outro o levam à sua própria destruição. Mas sobre eles estão concentrados, girando sobre si próprios, neste mar de reproduções e extinções. de explosões de energia a buracos negros...


(pela efeméride deste dia, algumas considerações...)


Oda a La Vida


La noche entera
con una hacha
me ha golpeado el dolor,
pero el sueño
pasó lavando como un água oscura
piedras ensanguentadas.
Hoy de nuevo estoy vivo.
De nuevo
te levanto,
vida,
sobre mis hombros.

Oh vida, copa clara,
de pronto
te llenas
de agua sucia,
de vino muerto,
de agonía, de pérdidas,
de sobrecogedoras telarañas
y muchos creen
que ese color de infierno
guardarás para siempre.

No es cierto.

Pasa una noche lenta,
pasa un solo minuto
y todo cambia.
Se llena
de transparencia
la copa de la vida.
El trabajo espacioso
nos espera.
De un solo golpe nacen las palomas.
Se establece la luz sobre la tierra.

Vida, los pobres
poetas
te creyeron amarga,
no salieron contigo
de la cama
con el viento del mundo.

Recibieron los golpes
sin buscarte,
se barrenaron
un agujero negro
y fueron sumergiéndose
en el luto
de un pozo solitario.

No es verdad, vida,
eres
bella
como la que yo amo
y entre los senos tienes
olor a menta.

Vida,
eres
una máquina plena,
felicidad, sonido
de tormenta, ternura
de aceite delicado.

Vida,
eres como una viña:
atesoras la luz y la repartes
transformada en racimo.

El que de ti reniega
que espere
un minuto, una noche,
un año corto o largo,
que salga
de su soledad mentirosa,
que indague y luche, junte
sus manos a otras manos,
que no adopte ni halague
a la desdicha,
que la rechace, dándole
forma de muro,
como a la piedra los picapiedredros,
que corte la desdicha
y se haga con ella
pantalones.
La vida nos espera
a todos
los que amamos
el salvaje
olor a mar y menta
que tiene entre los senos.

Pablo Neruda - Odas Elementales 1954

20.04.08 - 22.53h: Why not now? (E fomos Felizes Juntos)

Ir de peito aberto, a tremer o coração no fundo dos bolsos, só porque são caras desconhecidas de formas já reveladas. Por isso simpatizamos (afinal já nos conhecíamos, só precisamos da fotografia do postal): e magros, gordos, altos, baixos, peludos, unfurry's, novos e velhos, homens e mulheres! Todos temos as nossas e mostrámo-las, mostrámo-nos! E contámos outros pormenores, e ouvimos o timbre de como nos saem as palavras, ao vivo (menos ou mais, rápido ou devagar - miudoso nervosinho!); pudémos abraçar-nos, vermos os corpos mexerem-se em tiques, posturas, ritmos diferentes. Todos. Olhos nos olhos!

E do caruso para o maria lisboa um pouco mais desinibidos (desencontro do pessoal) e fugi com o dingling (é bom o amor transformado em amizade!) para o fufex (brincadeira de alguém, sem ofensas pq adoro o freak maminhas!) e daí para o trumps até às sete da manhã onde tripei a dançar tudo com todos, o adar, a amber, o marcelo... café e pastel de nata para baixar o excesso de álcool, a manhã de chuva e sol translúcida, acordar para ver a casa nova do mano na outra margem, café na aldeia galega, regresso dormitante, queijo e vinho em monka's home nas tarefas domésticas, a sagrada fruta da salvação!

Até Já

Fechado para Jantar / Balanço
Voltamos dentro de momentos...

19.04.08 - 15.34h: Ego Sincronicidade


Os planos furados são sempre os melhores. Supostamente eram os GNR com a banda da GNR e ficámos a jantar caril de legumes com a belisa na "nossa" casa. A necessidade de uma ordem criada pela nossa consciência - as palavras para que as entendamos como o filme desta tarde (bee season) - o mercado antes discográfico, agora musical, os irmãos "ovelhas negras", agora os mais sensatos a dar conselhos porque já criaram a sua independência de espírito porque as cabeçadas da vida lhe deram a sua prática, os amigos por essa mesma razão de afinidade.

Sempre a somar, quase em contagem decrescente na regie depois de algum bourbon de tenessee williams e beedees, levam-nos sob o temporal às rotundas de queluz (enquanto o inconsciente desliga, centrar o plan du jour, previver, passo a passo - técnica de concentração positiva, de mudança) - e as voltas de estômago depois de snooker com moldavos levam o libelinha mais cedo para a cama após vómito e a um passeio nocturno na aberta que se gerou (de propósito ou fui eu que a causei?) até à amadora.

Já agora: uma conta de net a quadruplicar leva-me a pensar a continuidade de tudo isto, o meu estilo de escrita e a discriminação deste extracto (a questionar).

Quero levar um pouco de mim, quero conhecer as vossas caras, quero-vos... muito!

17.04.08 - 13.42h: Get a HairCut and Get a Real Job

Estou no cabeleireiro da estação do oriente. Uma guitarra toca o cielito lindo e afins flamencos, e o rapaz de óculos, todo de preto, escova suavemente a cabeça de um senhor com mechas brancas. A cortar estive eu, bobines intermináveis e rasgar selos do IGAC, ensacar dossiers e à tarde, todos a carregar sacos para a recolha. Ontem um mail - actualizações de alguns anos, a mágoa das cidades distantes, o amor único.
Estas viagens de comboio matinais trazem-me de regresso a lisboa, ao verdadeiro sentido urbano que tive nove anos, esta lufa-lufa de multidões aos magotes, cuspidos à hora de ponta e ao almoço. O cimento, a chuva e a ausência de cor, o moderno, o estilo e o brilho, a velocidade e o bate-papo de circunstância em banais momentos de convívio.

Entar pelo lado dos homens e não das senhoras (como eu fiz!) e aguardar enquanto escrevo no bloco. A clau não sabe do bisnog, ele não atende (estou preocupado!), a mãe informa que chegou o aviso de recepção da câmara de loulé, a rita confirma os valores a pagar antes de sair da inde; à noite bissa e lols para um programa qualquer.
A destruição está quase a terminar e pedem-me para catalogar o novo (e curto) arquivo. Que necessidade têm os chefes de destratar subalternos? A afirmação de poder? Palhaços (sem ofensa para os próprios - hoje, a meio da manhã sobre a redução de custos). O problema é que até aqui se passa o mesmo: os tios campónios do rapaz aparecem par cumprimentar e ele tem de ouvir as bocas irónicas da gaja da caixa.
Enfim, a nossa animalidade e estupidez sai pela boca sem controlo.

Post Scriptum: No final do dia, leilão entre funcionários e mini-rave. Deram-me alguns singles e colectâneas, como este:


Hot Chip - Ready for the Floor

17.04.08 - 00.28 / 00.57h: Keep Moving On



Puxadinhos estes dias... E como à noite queremos estar com as "pissoas", chegamos tarde e cansados - a sala de 900m2 está quase evacuada e o espaço de 300m2 já está a funcionar. Lembrar que a doca dos olivais foi reabilitada há dez anos dá que pensar, ao admirar toda a arquitectura funcional a toda a volta, limitada no horizonte pela linha da ponte. Ontem jantar com monka, só nós, conversa de vida e dv'djaying no braço de prata (cohen, goldfrapp e bowie); boleia de libelinha com careless whispper aos berros no regresso. Hoje copo de espera no british do cais do sodré e jantar de birthday da minerva (de calças de ganga) com rebecca e zé gato, que gentilmente me levou a casa para dormirem juntos (ou não!).



É tão fácil morrer... ou deixar morrer... ou não conseguir viver (nunca) como se quer. É difícil vivermos só (só?) com o que temos, porque não valorizamos, não re-utilizamos, consumimos sem pensarmos, no que fazemos ou noutras funções a dar (ao que fazemos), noutras possibilidades, todas as possibilidades. Basta pensar nelas... ou querer... e sonhar... ("abra a sua mente - canal infinito"). Muitas famílias desconjunturadas onde a higiene mental se compara à física, onde os afectos morrem porque não foram aprendidos - desenvolvidos, tal como as formas de comunicação, reproduzem-se - e a intervenção muitas vezes não ajuda. O mundo estica e encolhe no modo como o sentimos, neste palpitar de situações que passam dentro e por nós.

Apanhei sol, apanhei chuva. Voltei a ver o bruno e espantei-me com o que descobri, todos quem descobri, depois de o conhecer. Afinal estamos todos aqui! E o sporting ganhou 5-3 ao benfica! (o que quer que isto signifique!)

14.04.08 - 00.01 / 00.14h: Ao Pai

Quarto filho de um proprietário de terrenos e gado de salvaterra do extremo; depois da primária vai para o seminário de alcains por oito anos. Segue para os quatro anos de teologia dentro do castelo de marvão. No último ano, um conflito com o professor de história (por uma visita de raparigas) leva-o para o algarve a mando do bispo de castelo branco e portalegre, futuro bispo do porto. Chega a faro onde entra como aluno, depois professor. É ordenado em dezembro e às quintas (que não há aulas) e domingos vai para a serra do caldeirão numa localidade chamada ameixial - Começou a paixão! Depois, pelo espírito missionário, fica encarregue do "herege" concelho de alcoutim. Sem condições, inicia um trabalho pioneiro: do renascimento religioso à criação do ensino para além do obrigatório (o actual 2º ciclo), que abre portas aos filhos de uma região pobre e analfabeta.


Continuação, dez anos depois, cinco do seu falecimento...


Escreveu ao papa para pedir a saída da igreja porque se tinha apaixonado pela filha da senhora que limpava a casa e tratava da roupa e queria casar; comprou a casa rosa para criar a sua escola no piso térreo onde leccionou até à reforma, cuidou da sogra na sua incapacidade como se da sua mãe se tratasse, continuou a ir à missa onde comungava pela sua própria mão e acolhia todos os sacerdotes que ali chegavam; corria e participava nos comícios pós-revolução como fazia antes com casamentos e baptizados por todas as comunidades onde passava, acrescentou ao prédio o espaço para uma cantina, realizava o transporte escolar com a sua mercedes e ia à vacaria buscar o leite para os meninos lancharem; deixou a sua biblioteca e registo fotográfico (a conservar) como prova da sua avidez de conhecimento para chegar a Deus - Amor.


(dele herdei uma covinha no queixo, o silêncio e a contemplação, a pacata impulsividade e sociabilidade, o gosto pelo cuidar das coisas, a tudo perdoar)

13.04.08 - 21.30h: Nada se Repete

Os últimos dois dias da semana foram passados como uma reencarnação de shiva com mãos de tesoura, cortando fitas magnéticas e cd's, a carregar e arrumar dossiers, economato de papelaria e águas ( a vicky ajuda nas mudanças da jania); material de promoções, caixotes, prateleiras e escadotes, sacos pretos de resíduos separados para a parque expo. Recusar jantar com monka por cansaço (mãos, pés, ombros, costas) mas sair com dingling e libelinha: trajecto do século, da rosa, dos mouros, da atalaia. Mahjong, mexe e purex. Gente.



Seguir cedo/tarde para sul. Classe no ouvir 106.2 e aulas diferentes de jarvis cocker (live bed show e dingling no ouvido e os ruis da minha vida). Vir jantar com fados - toya, ondina e flora - e a fina flor da vila e as minhas gémeas (desenvolvimentos administrativos e jurídicos sucedem-se). Frio na rua. Dormir na cama de ferro, café no sr. mário e na zambujeira, regresso a casa por almodôvar - os três elementos humanos da família reunem-se para celebrar aniversário do pai ausente, tratar de papéis urgentes, recarregar (algumas) baterias, lavar a roupa suja (ouvir o marcelo defender o programa da fernanda câncio sobre bairros clandestinos na rtp)... Viver...

10.04.08 - 00.49 / 01.21h: Alguém tem de Ceder

Registar-me no banco de emprego público para porto, porto de mós e loulé; enviar requerimentos para irmão imprimir (poderia ser uma lista de tarefas mas foi a noite aqui ontem). Vindo de manhã do centro de saúde da venda nova (sim, desta consegui outra carta mas uma falha eléctrica encravou o sistema administrativo - voltar lá cedo!) pensei na população idosa que ali estava e ia passando, e estando nos cafés e a andar devagar, e a não entender a ordem das filas e dos números (eu também não quando mudam os critérios e os balcões não são especificados) e doentes, e sozinhos... somos cada vez mais velhos e mais jovens até mais tarde, demais.


Passo o CNO gustave eiffel (deixar pessoalmente currículo) e quando vou comprar pão debatem-se os assaltos mais frequentes pelo bairro do bosque (e o taxi, e o meu carro, e a loja). A vicki liga a dar-me o novo número. Banho e almoço rápidos, pedir para tirar a carrinha do talho da esquina para conseguir sair e seguir para a ex-pó com reggae-dub do báltico, à moda de kusturica (i get all the girls, i get all the girls). Estacionar, enrolar e ligar à alma. Atravessar o seco passeio de ulisses - coffee break before start - no café di roma debaixo do acesso ao ocenário, com as torres do vasco da gama no horizonte cinzento.


O vento venta violento e incessante; os pinheiros revigoram polinizando-se à distância. As pessoas enquanto vão sozinhas, mexem nas teclas, nos botões... e falam sozinhas...


Um biscate nas mudanças da emi. Pagam-me para destruir um arquivo audiovisual e separar os recicláveis do material de registro. Espero. Fumo. No hall dos cartazes das estrelas ouve-se "Como se diz à consignação?", "À consignation!" respondem-lhe. Entra o camané, cumprimenta e passa para o interior de secretária e monitores e uma serena revolução. Encho vários sacos pretos para levar os resíduos (ah dona mila, o que me ensinou alfama!...) e vou buscar as meninas: a bissa em dia mau de auto-desconfiança e a pops de jantar, compras, rápido, dormir, amanhã, felizes em jazz-soul crooners.


- again.

09.04.08 - 02.08h: Federico y sus verdes años


Cipreses.
(Agua estancada).

Chopo.
(Agua cristalina).

Mimbre.
(Agua profunda).

Corazón.
(Agua de pupila).


Me miré en tus ojos
pensando en tu alma. Adelfa blanca.

Me miré en tus ojos
pensando en tu boca. Adelfa roja.

Me miré en tus ojos.
Pero estabas muerta! Adelfa negra.


El remanso del aire
bajo la rama del eco.

El remanso del agua
bajo fronda de luceros.

El remanso de tu boca
bajo espuma de besos.


Ya viene la noche.

Golpean rayos de luna
sobre el yunque de la tarde.


Ya viene la noche.


Un árbol grande se abriga
con palavras de cantares.


Ya viene la noche.


Si tu vinieras a verme
por los senderos del aire.


Ya viene la noche.


Me encontrarás llorando
bajo los álamos grandes.
Ay moren(o)!
bajo los álamos grandes.


Primeras Canciones 1922 - Antologia Poética por Ernesto Sábato / Ed. Losada Bs.As. 1998


08.04.07 - 17.08h: All in All is All we All are*

Visitas matinais, vislumbrar coincidências astrológicas e não só. Passar os olhos pelos jornais de ontem: médicos para o privado, musicoterapia pimba, julgamento de skinheads, tribunais electrónicos, realojamento cigano, os trabalhadores já com RSI, "autonomia sem limites" prá Madeira, o apagão da tocha olímpica, kososvo, a ponte, o LNEC e as contas do estado (todos nós). O único anuncio que me julgo competente para responder (enviado pela base de antigos alunos) só existe em oferta pelo IEFP - eu até ia para santa maria da feira receber aquela miséria... Não me quero aborrecer mais aqui .

Esta é para ti, DingLing (mas não em exclusivo!); também para todos os que por aqui passam, a tudo o que partilham, a vós!


Antony and The Johnsons - Fistfull of Love (Live)

*All Apologies - Nirvana

07.04.08 - 18.24h: TurboJunkies

Café pela porcalhota, circular pela base aérea de monsanto em sábado nublado... ver a cidade envolta na bruma. Ai, amigo libelinha, a verdadeira companhia no vazio dos dias.

Ir e voltar à terra-mãe do sul para libertar o velho carocha do peso do tempo (precisa de exercício, umas voltas de "prego a fundo", embraiagem ao alto) com o primo tatuando em árabe o nome da prole. Domingo relâmpago imaginando super máquinas de construção e gruas em erecção. Ligar belas a rio de mouro (venda seca, grajal, tala) entre quintas centenárias e subúrbios invasores - rinchoa como marraquexe, quem não queria...


Trocar lençóis, mudar disposição dos aglomerados de livros e roupa, seguir a santos para caldo verde e subir para uma noite calma antes do temporal da realidade, em lua nova. Pelas paredes iluminadas, destilando cereais fermentados, trocamos palavras, sentidos e emoções... Fado fechado em portas largas, corrida nocturna e, finalmente, obtenção de prazer (amor a Javi e Carlos de barcelona - há ir e voltar!) no conhecimento, nas recordações, na dança limitada do espaço, ciclos completos de tempo. Abraço, libelinha.

05.04.08 - 16.27h: Diesel Friends

Adoro folgas! E os Amigos!



Quinta e sexta foi a inocente celebração da amenidade. Cool. Café no final da tarde com trânsito, calor e compras: calções e conversa de roupa, noobai e adamastor a transbordar, salada, sumo e bolo de cenoura (e a vista de santa catarina ao final da tarde), pequeno circuito de malas e mais roupa.


Encontro para almoço antes do fim de semana, derreter ao sol entre a braamcamp e a castilho, espetadas de lulas e gambas, conversa de pais e mães trocadas pelas vontades corpóreas e as excepções dos estereótipos - relógios biológicos - bela vista de fato de banho dourado, o mar interior universal pronto para brincadeiras, join'ts to this relaxamento total.


A outra ponte que caminha sobre as águas (um regresso maior) e se infiltra na cidade, experimentar sapatos, malas, boinas e t-shirts, carregar caixotes para a bolsa, pizza e massa junto ao rio, dome, copos e música e copos e música.




Foi um imenso percurso pessoal em dois dias, ir e voltar, ir e voltar, a abrir, consumimo-nos e abastecemo-nos, rápido pois o prazer é na imediatez do tempo. Hoje um pouco desgastado, carregado... As nuvens vêm aí...

03.04.08 - 17.12h: Arcanos Maiores*

Dias no quarto, dormitando, viagens virtuais... não livros mas arcádias literário-visuais. Perder-me sempre foi um bom objectivo, dispersar-me... muito. O calor entra na corrente fresca entre o meu quarto e a sala/cozinha, bem como a luminosidade crescente para o solstício.

Fui às noites bartô ouvir a voz das ONG's; neste caso a ILGA portugal. Fui um dos únicos! Ok, pode ser falta de divulgação - reciclar abril pode ser difícil. Mas a noite estava óptima, consegui despachar as tarefas domésticas a tempo de pedir money emprestado à cunhada e Fui.



Tive os dirigentes da associação a falar para mim e a Teresa Ricou a falar dela e da sua casa. Dois livros infantis com lançamento mais mediático cá do que na espanha do autor ("De onde venho?" e "por quem me apaixonarei?" - questões épicas,) e algumas considerações sobre o direito à verdadeira indiferença e não ao incómodo que heteros sentem ao falar de homos (como aprendi: igualdade, não tolerância!). Documentação variada e relatório de actividades.

E o que falta é visibilidade, são os coming-outs mas o medo impera (até eu penso se me quero ver nas marchas, nas reportagens). Hoje continuo o percurso pelo site, pelas notícias internacionais e vou descobrindo as diferenças inter-nacionais - uma assunção no círculo íntimo é diferente da social; penso que se não nos verem, não nos sentem, não nos ouvem. Mesmo sabendo que não nos compreendem neste heterocentrismo instituído. Sobre a família, temos a oprah durante a tarde a falar de parentalidades homossexuais...
(Ah, acho que vou participar na marcha global pela marijuana, concordo em absoluto; e já agora voluntariar-me neste associativismo gay... a ver - faz um mês que por aqui ando)

#

Lançamentos de Tarot:

"V" para Trabalho
1º Imperador (passado), 2º Imperatriz (presente), 3º Diabo (futuro), 4º - centro - Lua (resposta), 5º Julgamento (ambiente), 6º Ermita (obstáculo), 7º Casa de Deus (solução)

Cruz para Amor
Esquerda (eu) Mundo, Direita (outro) Ermita, Cima (ideia) Temperança, Baixo (quebra) Casa de Deus, Centro (escolha) Amoroso.

* "A verdade não deve revelar-se" segundo os místicos; enigma; também o remédio, uma operação misteriosa dos alquimistas.

02.04.08 - 11.16h: Somos Bichos Estranhos (mas tão Simples)

E eis que somos arrastados do marasmo pelo amigo libelinha (tcharan! avatares irrompem!) que insistiu e, como não reconhecia o número, não atendi; ele insistiu, buscou o meu prédio, não se lembrava da porta mas gritou por mim (às 23h numa rua de função redidencial em forma de ferradura) e seguimos no meu carro. Bairro por instinto! E voltei a fazer um percurso por bares não frequentados desde a loucura estudantil (mais de uma década de intervalo) - cerveja nos snookers do paulo, catacumbas cá fora, pontapés na cona com tequilla no arroz doce, jola e shot de vodka, pimenta e chocolate no mexe, e primas: falamos da natureza da bissexualidade (tenho uma amiga que tem um discurso já preparado neste sentido), o meu helicópterozinho quer conhecer as saunas, sublimamos as pulsões nos matraquilhos e com a revelação da sandra, vamos comer um chouriço assado ao clandestino (um sentimento de revival sobe por mim como a escrita por aquelas paredes).


Estrella Morente - Volver (tal como um filme...)

Há uma hora atrás, para buscar credencial para fernando fonseca:
"A minha médica só vem segunda. Faleceu-lhe o pai. Isto é karma ou quê?"
"Até lá curte... Vai à praia! Beijo."

01.04.08 - 18.06 / 18.48h: Cravos e Ferraduras

Wandering around until now...


Através de um blog israelita, fui lendo sobre a segurança da vida dos homossexuais do lado de lá da mancha e nos parques de amesterdão. A estes é lhes dada a liberdade de continuarem os comuns encontros, segundo regulamentação aprovada para o Park's Rose Garden, sem recriminações (desde que não conflituem com a ordem pública) ao ar livre, como tanta gente gosta - os direitos de exibicionistas e voyeurs admitidos. Só à noite e, obviamente, deitando os preservativos usados no lixo mas garantindo uma maior vigilância para evitar a violência nestas cruising areas (em português será o quê? Zona de engate parece-me bem) - um propósito: aumentar a tolerância, pois se todos sabem que acontece...

O The Guardian publica uma sondagem feita na sociedade britânica, onde confirma a crescente homofobia: nota-se no aumento do bullying escolar (esta vai entrando no vocabulário, e tem que se lhe diga...) por discriminação - e daqui até ao topo da vida social, sentida até à vida política, por todas as instituições públicas. Mas sublinhando as diferenças entre interior (Gales) e litoral (sudeste), desde a escola, passando pelos hospitais e outros organismos, todos se gabam do que fizeram pela igualdade, acham-na muito útil para se auto-promoverem (e procedentes governos), mas a sociedade (assim no anonimato podem esconder-se melhor) vai mostrando o que ainda não aceitou e, como sabemos, minorias são as primeiras a não se conseguirem misturar nas massas homogéneas revoltadas (epá, esta das homogéneas é um brilhante paradoxo, não acham?).

01.04.08 - 10.28 / 11.08h: In a Lie

O último dia do mês começa tarde (estas visitas nocturnas pela actualidade dos outros têm de ser encurtadas). Pedido de baby-sitting e encontro com dingling. Ambos sem carro, no largo do carmo, já perto da uma; descer a baixa à busca de chinês (o da paixão da década anterior já está para venda!) e entrar no indiano em frente. Conversamos sobre a sua relação, as outras relações, atracções sem culpa; depois da imperial e do nan, um evel inteirinho com o seu rosto por cenário, chicken qualquer-coisa-pouco-picante, um cigarro e um copo ao sol, a estética japonesa à indiana...

Fotos: estátuas a cavalgar, hand-shake e montra de sementes; são domingos incendiada e harem individual na casa do alentejo (várias prespectivas, salões e espelhos); arte on building, metro até ao campo pequeno, abstrata arquitectura e no hospital a mesma resposta de que "não é aqui a sua área de residência". Sem conflitos e de mente nublada, um café debaixo das palmeiras polidas, e sol na gulbenkian... É bom estar ao teu lado, o amor tranquilo sem necessidade de definição.



Estátuas a posar, flores individuais e aos molhos, subir para buscar veículo e... a falta de expressão de vontade infantil bloqueada pelos amigos preocupados (eles sentem logo!) faz-me agarrar na bé às cavalitas pelo centro de corte inglês (?), comer o gelado de ananás e seguir para o ATL do quim na rua do jasmim. Tratar da dívida, cigarro à janela sob o vale das mercês, jogos esticados ao máximo, subir para o parque até ao pôr-do-sol, apanhar pedrinhas e pauzinhos, descer à praça das flores e o recurso fértil da imaginação das crianças.

Chuchi: muito, a rodar pelo tokio do olivais shopping, até abarrotar e arrotar a saké e wasabi, regresso com passagem pela farmácia de serviço da rua da rosa para calicida e escovinha de dentes. Metade do quadro eléctrico da mansão de santos não funciona e a bé oferece chá no seu quarto (em concorrência ao verde da mãe) com surpresas e adivinhas. Raptam-me para a sala e ela faz o seu show ("Chamem a polícia") enquanto fumamos incenso. A birra fenomenal quando chega a hora do sono, perguntas na cama ao tarot de marselha, a três. Regresso por entre filas de gente nas máquinas de bilhetes, toda a linha azul, novo dia, tudo igual (nada disto existe!).

31.03.08 - 00.38 / 01.21h: Morangos com Sésamo

Houve baile nos bombeiros. Fui carregar o telélé, e ao café da esquina (está tudo fechado!) enquanto esperava a lolilips para o passeio domingueiro. À porta, um senhor não tem lume e uma rapariga pede-me um cigarro (o meu último!) enquanto dois condutores de ambulância bricam com luzes e sirenes. Apanho a boleia e, depois de resgatada a anabissa, seguimos para o meco por engano (era guincho!) fugindo das nuvens para apanhar sol, escutando a cassete do keith haring.



Abrigados do vento, cantámos, coreografámos e assobiámos musicas da nossa infância e adolescência (genéricos de animação incluídos!)- até uivámos as seven nation army's!
Esplanar no mar do peixe e entrecortar pela terra batida até ao estaleiro da nossa senhora do cabo, ambientados pelo anthony e a goldfrapp (versões dancáveis - "pensa lá bem!"). No regresso, voltar pela vasco da gama até ao fim da luz (perdemo-nos mas sem sarilhos grandes). Descarregar jantares com namorados e noites cumpridas: em meia hora, comer fast food e seguir para o espaço do negócio.

O mito do super-homem revisitado: uma caixa cheia de areia e linhas... vértices; brincando com o corpo-imagem-física, através de panóplia de pantominas, o tiago consegue criar o mundo em papel e plástico como num recreio; e do auge do quadro e de si, destruí-lo (-se) e renascer de um casulo. Saí directo para o ricardo a abrir o bar (party de produtora de dj's!), falámos da rapidez com que os bichinhos nos decompõem (solos!) e seguir até ao palácio do rossio - atravessar o novo e iluminado túnel para a casa dos subúrbios. Congratulations à guis pelos 33!

29.03.08 - 18.44 / 19.26h: Noise Above - On the Road

O meu primeiro video sacado do youtube (vamos ver se sai) é esta homenagem ao brilhantismo desta gente que mostra a surrealidade do nosso fazer e pensar enquanto Humanos. Também a uma época especial, de amigas bem presentes (programinha amanhã?).
Enjoy!


Monkey Gone to Heaven - Live (many years ago...)



Ok, isto é um acrescento (o empolgamento das descobertas - e não conseguir parar!): a todas as aventuras na estrada (a última deu no que deu!) e a esta quantidade de filmes deliciosos de amor "pela estrada fora", conversas a três, perseguições e a todos os que gostam de conduzir (riscos de ontem, muitos percursos actualmente...). E às belas e boas das gajas da respiração. Boas viagens!


Drivin' on 9 (D. Leone/ S. Hickoff) - e muitos mais...

29.03.08 - 04.48 / 05.18h: ... e da Sorte!



Acordei com a persistência dos telefonemas amigáveis; um banho calmo, confortante, o almoço às três da tarde (fechou o cefé esotérico, vamos ao brasileiro), e seguir para o destino enfiado no envelope. O segurança aponta as urgências, daqui para as consultas externas, destas para a infecciologia e quando chego à imunoterapia, o banco de sangue fechava às quatro (quinze minutos depois da hora, sexta-feira - o previsto...). Uma linda alameda de acácias bastardas percorrida nos dois sentidos... para voltar para a semana.

A ana fuma na rua, enquanto espero por um café juntos no interior da livraria, a mocas pede para comprar bilhetes no CCB para pina bauch (Maio). Ao tentar estacionar apertadinho, em belém, roço as duas portas direitas no para-choques do veículo anterior. Foda-se! Faço o recado e volto; lanchamos e deixo-a na depiladora para sol no algarve, a ana torce-se de dores do clonix, acalmamos no carro enquanto esperamos e vamos às compras para o jantar os três. Peixe no forno com batatas e presunto, ervilhas e cenouras cozidas, fruta cozida em calda de laranja-canela (pelo estômago sensível). Porque não estão suficientemente assadas, tiro o tabuleiro e zás... entorno a quinta de cabriz pelo tapete, individual e parede nova. Ok, esquece e comemos a dançar aos sons da nossa vida (e filmes, e cenas e muita acção).

Seguimos os quatro para o braço de prata para ver o aladan tocar, encontramos a cláudia e o bisnau, copo cá fora e concerto experimental jazz com ruídos e barulhos compassados (compêndios de ilustradores e arte mexicana), ensaio de teatro na sala dos fundos, e de tanta chatice, levo a menina a sant'ana e chego ao bairro - estaciono directo no jardim: sítio novo e sítio velho para terminar a noite e conhecer por breves segundos o simpático e doce filipe. Agora iogurte com mel e o místico ipê-roxo.

28.03.08 - 11.36 / 11.57h: Tratar da Saúde...


Afinal tinha uma carta para o curry cabral há ano e meio e andava a adiar este tema até hoje, até a loli me "obrigar" a ir ao centro da venda nova e a dra. ribeiro me abrir o raio do envelope. Obviamente que sou isento mas nunca fui tratar disso e pago urgências que não tenham a ver com esta questão. Eu sei que sou desleixado - ou evitante positivo, como preferirem!




Na casa da carmo e da mãe existe um verdadeiro museu de quinquilharias da feira da ladra e a empregada joana fez um arroz de frango com açafrão e macedónia (com um camadão de queijo gratinado!) delicioso. O cabernet sauvignon abriu tabelas de preços astronómicas e check-lists de escolhas dos milhentos detalhes que implica uma cerimónia de casamento - trajes e etiqueta, igrejas com acessos, documentos ocos carérrimos, alianças lapidadas... Pela mousse escorremos sobre o impasse de uma relação adiada como se a protagonista não estivesse ali.



O quotidiano de empresas familiares (formação e tradução) num crescente de responsabilidades e autonomia, na exigência de revisões salariais, na "pesada" elaboração de catálogos técnicos vindos do estrangeiro - e viva o PDF! Eu resumi a minha questão a quatro horas de sono e passar duas numa sala de espera para a consulta do dia. Depois de uma folga matutina vou para a avenida de berna!


Há 5 anos... e faz hoje 3 meses que estou desempregado. Nada mal.

27.03.08 - 15.07 / 17.08h: Prokofiev na A2*


Bem, a senha na segurança social era tardia, fui ao banco fazer transferência do mal, encontrei varios locais que solidariezaram com a minha situação, vizinhos, colegas, alunos, vou e volto vendo a vez, chego e dizem-me que não é ali que peço, mas que também não foram feitos os descontos. É no centro de emprego, mas deve estar a abarrotar (pois só uma vez por semana vêm de sines), já passei ao lado das finanças e decido ir na mesma e, surpresa - está vazio: "Faz favor!" responde-me o eco. Dão-me uma capa de desempregado profissional e pedem-me para comparecer quinzenalmente na univa de odemira (mesmo sem ter nada para receber).








Almoço em família, volto à net, vou pagar o imposto único de circulação e ver o saldo, espero pelo café com a alma mas está ocupada; ver todos ocupados a circular pelo patamar da câmara enerva-me e só penso em não voltar, desaparecer... Volto à net, intercaladamente, com os cigarros e a falta de rede, transcrevo outro "texto", vai lá ter o mini (agora versão apaixonado) e enquanto preparam salsichas em lombardo, passam-me uma formação com possibilidade de estágio e colocação em apoio psicopedagógico. Jantamos os quatro, visita de vizinha com aparição no barreiro, conversa sobre quem não gostamos, manel e festa sativa com chá, café e chocolate.





Hoje, corto-me no desfazer de alguma barba, faço tempo para chegar ao palco do tribunal (no dia do teatro) e ser retirado de cena pelo procurador para novamente fazer outro pedido mais explícito. AHHHHHHHHH! Só quero sair dali, arrumo tudo, já preparado na noite anterior, embalo o quadro, despejo o lixo e entretanto querem confirmar os descontos (rápidos, menos de 24 horas!) e pedem-me o teleone da instituição. Despeço-me das gémeas que me pedem para não desistir (preciso de um advogado!) e sigo estrada; por impulso e intuição decido visitar a l.leão que me apresenta a sua moderna e espaçosa casa, o seu pires e me oferece um prato de massa de peixe. Café rápido de hora de almoço, voar até lisboa. Hoje temos a carmo e a lu ao jantar.





* Antena e auto-estrada moderata, allegra ma non tropo. Inicio este post na paragem de alcácer mas a bateria cai e termino aqui, agora, depois de limpar o pó do quarto.

26.03.08 - 01.19h: "O Futuro termina num Sono Maior*"







A actualidade deste mundo foi-me revelada na casa das gémeas, enquanto se enquadravam (em textos maiores) os poderes neurológicos no reconhecimento das emoções básicas pelas expressões faciais... Terror, ira, fome... E de palanque, as sucessivas aberrações da minha antiga chefe e a manobra política volta o tabuleiro. É bom ve-la cair do altar por ela mesma - Amanhã temos um subsídio de desemprego para ir pedir.






Até castro, ao limite da serra, estradas roxas de borragens e outras flores púrpura ondulavam pelo lavrado entre florestações de pequenos pinheiro; nos outeiros selvagens, as terras bravias de esteva salpicavam com as suas alvas papoilas o cinzento da meia tarde, rasgadas por mechas de ervas encarnadas. Adentrando na planície, as linhas amenizavam-se em prados abertos, frescos, cumeados pelos sobreiros e azinheiras, mas mantendo pequenos espaços da mesma paisagem com o acrescido amarelo da tremoçilha. Inspecção do veículo, tal como propagandeiam, é pay and go!






Chegar a odemira com os Shout Out Loud da optimus, lágrima no olho da saudade feliz, 'cause tonigh I have to leave it, cumprimentar o pessoal da escola em pausa lectiva, entrar na casa de flores murchas, abrir janelas e acender incenso, arrumar a loiça lavada de há quase um mês, sacudir o cobertor das excreções do caniço do tecto, e porque não um voluntariado em áfrica, voltar ao quotidiano do amor externo, compras e preparação do jantar... resumo de três temporadas de anatomia de grey (é a minha côr, em definitivo). O morrissey toca depois do moby "Dear god, please help me..."




* Estrofe final da música "In the future, when all's well" - Morrissey in "Ringleader of the Tormentors"/2005

22.03.08 - 20.53h: Hallelujah




A noite da paixão foi feita de copos com as amigas, sob uma lua cheia brilhante num céu limpo e frio, junto ao guadiana - primeiro na mesquita a ver espanha e o vazio do festival de peixe do rio, segundo nos bares de mértola cheios da pouca gente (muitos visitantes pascais) - em conversas sobre a lentidão evolutiva nas normas vigentes dos requisitos arquitectónicos em certos municípios (dependentes da quadratura das cabeças dos senhores feudais - e o pior são os caixilhos que imitam mal à madeira); também sobre o auto-conhecimento dado pelos relacionamentos "estáveis" (a sabedoria que advém do respeito pelas diferenças de tempos utilizados na construção de percepções, racionalizações, base de decisões... e um equilíbrio de humores... e ouvir, ouvir sempre, questionar depois - e dizer, dizer sempre o que sentes).



E se estiveres numa praia das astúrias e sair um surfista da água, direito a ti, e te reconhecer a vários anos e milhares de quilómetros da situação de encontro anterior; e se, ao fechares o compartimento para guardar bagagens. na estação de comboio de atocha, reconheres, ao teu lado, a professora de alemão que tiveste em amesterdão há três anos atrás; e se no meio de um souk reconheceres o teu amigo de infância que não vias desde essa altura; e se ao desceres da galeria onde expuseste os quadros que levas debaixo do braço e encontrares alguém do teu país, que morava na mesma residência de estudantes que tu mas que nunca falaste, há mais de uma década? Muitos fios que se cruzam e que são puxados sem que percebas... e tu és um deles.



A quem agradecer? Ao sacrifício de Holika (a vitória do bem contra o mal), ao mal-afamado Judas que não aguentou a fidelidade à verdade da mentira e se enforcou numa olaia (libertação do espírito da prisão carnal), à figura andrógina da última ceia - joão ou madalena - bem-amada do nosso mais louco senhor feito homem (irmãos, amantes - amor e ódio) que nos pôs há dois mil anos (romanos) a pensar em PAZ universal.



Também se celebrou ontem o norduz - novo ano curdo - uma festa abafada de um povo esquecido que vive nas montanhas, que fala a língua dos medos e professa o culto dos anjos, massacrado e dividido ao longo dos séculos... Não querendo entrar em polémicas de fé, ainda encolhido nestes dias de frio e chuva, espero que possamos sempre relativizar as nossas prespectivas pessoais (vendo o outro, o mais radical que também vive em nós), compreender as diferenças e celebrá-las na vida, no colectivo, todos, sempre. (Amen)

23.03.08 - 04.28h: Como uma Força...


Diário electrónico: registar para não esquecer.Despertar para pôr em contacto bisnog que deixou chaves e dinheiro em casa de amigos comuns onde pernoitou, e cansaço acumulado leva ao esquecimento.


Conversa em triângulo - do trabalho, dos trabalhos e da sua procura - actualizamos a versão lisboeta durante a tarde. Serão em facebooks (meu) e hi5's (amigas) a ver fotos de antigas e recentes relações. Rituais etnográficos e cidades sumptuosas numa diferença temporal avassaladora. Ficámos pelo folar e chá de príncipe até tarde; já com as bocas a abrir e as extremidades a entorpecer, decidimos recolher-nos. Enquanto trocamos os carros (o delas sai e o meu fica à porta de casa), surge o nelsinho já com os copos que vai para o X - deixa-me só desligar o pc e a luz! Dirigimo-nos para o monte branco onde está o tio johnny a preparar a noite...



Conheço a vera que está a tirar o curso de auxiliar de educação equiparado ao secundário (sim, cef's, procurem e preocupem-se com o que se faz na educação dos jovens dos 20s) mas que quer ser designer de moda / estilista. Está uma cadeira de rodas na bagageira da viatura que serve agora de sala de fumo. Diz-nos que já teve na tvi duas vezes: uma para ver realizado o sonho de confeccionarem alguns dos seus croquis, outra pelo facto de ser paraplégica desde um acidente no fundão aos doze anos. E falamos da pena que os coitadinhos dos curtos de "visão" nos dão... Rodamos outro e subimos a rampa (têm que abrir as duas portas do bar para ela passar).






Lá dentro ao pé do lume, o joão volta a lembrar-se dos últimos dias de um amigo falecido em acidente de viacção de scooter (tão bem preparadas foram as despedidas pelo destino... festa de arromba!); cumprimento o jorge mudo a rodar os putos no snooker e actualizo a vida do filho órfão da formanda. Observo as mudanças efectuadas no X e a cabine do dj está mais próxima da lareira. Dançamos todos num tecno-house ranhoso com traços de kizomba. Ela está totalmente on the wheels. Fazemos comboiozinho atrás dela; o bar está deserto, o som é nosso! Alegria, vontade de viver!

21.03.08 - 01.07h: Aos Poetas...



à primavera, à vida...







Escrevo-te com o fogo e a água



Escrevo-te com o fogo e a água. Escrevo-te

no sossego feliz das folhas e das sombras.

Escrevo-te quando o saber é sabor, quando tudo é surpresa.

Vejo o rosto escuro da terra em confins indolentes.

Estou perto e estou longe num planeta imenso e verde.



O que procuro é um coração pequeno, um animal

perfeito e suave. Um fruto repousado,

uma forma que não nasceu, um torso ensanguentado,

uma pergunta que não ouvi no inanimado,

um arabesco talvez de mágica leveza.



Quem ignora o sulco entre a sombra e a espuma?

Apaga-se um planeta, acende-se uma árvore.

As colinas inclinam-se na embriaguez dos barcos.

O vento abriu-me os olhos, vi a folhagem do céu,

o grande sopro imóvel da primavera efémera.







António Ramos Rosa in Volante Verde - 1986




Correntes