Neste ponto minúsculo perdido no espaço, concentrado por fogo e dele formando rochas móveis que vão arrefecendo, coberto por gases que se movem sob a sua superfície e sobre ela se precipitam, abraçando estas camadas, fecundando-as num líquido puro e transparente, e onde milhões de células se juntam para formarem todos os organismos vivos que aí habitam, gira sobre sí próprio um grão de areia no universo de milhões de sóis. O seu valor é único para todos os imensamente ínfimos participantes que já tentam fugir dali pela criação de ainda mais artefactos que, se por um lado o permitem, por outro o levam à sua própria destruição. Mas sobre eles estão concentrados, girando sobre si próprios, neste mar de reproduções e extinções. de explosões de energia a buracos negros...
(pela efeméride deste dia, algumas considerações...)
Oda a La Vida
La noche entera
con una hacha
con una hacha
me ha golpeado el dolor,
pero el sueño
pasó lavando como un água oscura
piedras ensanguentadas.
Hoy de nuevo estoy vivo.
De nuevo
te levanto,
vida,
sobre mis hombros.
Oh vida, copa clara,
de pronto
te llenas
de agua sucia,
de vino muerto,
de agonía, de pérdidas,
de sobrecogedoras telarañas
y muchos creen
que ese color de infierno
guardarás para siempre.
No es cierto.
Pasa una noche lenta,
pasa un solo minuto
y todo cambia.
Se llena
de transparencia
la copa de la vida.
El trabajo espacioso
nos espera.
De un solo golpe nacen las palomas.
Se establece la luz sobre la tierra.
Vida, los pobres
poetas
te creyeron amarga,
no salieron contigo
de la cama
con el viento del mundo.
Recibieron los golpes
sin buscarte,
se barrenaron
un agujero negro
y fueron sumergiéndose
en el luto
de un pozo solitario.
No es verdad, vida,
eres
bella
como la que yo amo
y entre los senos tienes
olor a menta.
Vida,
eres
una máquina plena,
felicidad, sonido
de tormenta, ternura
de aceite delicado.
Vida,
eres como una viña:
atesoras la luz y la repartes
transformada en racimo.
El que de ti reniega
que espere
un minuto, una noche,
un año corto o largo,
que salga
de su soledad mentirosa,
que indague y luche, junte
sus manos a otras manos,
que no adopte ni halague
a la desdicha,
que la rechace, dándole
forma de muro,
como a la piedra los picapiedredros,
que corte la desdicha
y se haga con ella
pantalones.
La vida nos espera
a todos
los que amamos
el salvaje
olor a mar y menta
que tiene entre los senos.
Pablo Neruda - Odas Elementales 1954
4 comentários:
O problema do ponto minúsculo é que tem milhões de participantes que o não merecem. Nem têm consciência do privilégio que possuem. As pegadas que deixam são feridas crónicas abertas Nem são pegadas: são patadas ecológicas!
Pablo Neruda? Mui bien. ;)
Acho que o Catatau disse tudo, o problema da terra são os humanos.
Neruda, uma excelente escolha, um poeta maior que também figuraria de mérito próprio no meu desafio literário.
Um abraço.
Que visão tão objectiva. Se todos parassem para pensar, isto ainda podia se aproveitar alguma coisa.
Abraço
Catatau, e quantas verdes/vezes não aniquilamos a pureza/beleza das coisas para as possuírmos..?
Abraço
K, o desafio continua? ok. è bom ler-te por aqui (e aí). Obrigado pela passagem, Abraço.
Sócrates, sim, se pensarmos - e agirmos - ainda aproveitamos qualquer coisinha... Agradeço estas palavras.
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