O primeiro dia de maio é o dia da mãe. Sempre foi. Hoje cumpre 60, teve-me aos 30. Foi uma miúda da aldeia a brincar com as pedras, o pai pastor ausente e a mãe, serva e orfã, que só conheceu a vida de trabalho doméstico e teve de criar seis filhos entre a ceifa, o pão, a lenha, a azeitona, o azeite. Cresceu em tempos de fome mas continuou estudos (e a cheirar o escape da carreira) no colégio de mértola e no magistério em faro. Voltou para a terra, tirou a carta (a primeira mulher do concelho), virou professora, perdeu os longos cabelos em corte à garçone, calçou botas altas, casou com o padre. Exigente e carinhosa, extremos de fúria e uma calma apaziguadora tornam-na deliciosamente bela (até os prazeres no nome).
Um orgulho - apesar do meu quebrar de afecto neste seio, melhorado pelo tempo. Amo-a pelo que gerou, pela forma de educar (claro que também me chateia às vezes – eu já me chateio menos), pelo sacrifício e pelas dores que tem e que toma. Fuma (começou aos vinte como eu e agora queremos parar). É uma viúva serena, isolada no seu palácio cor-de-rosa (“para quê ainda mais casa?”), a pintar, a restaurar mobília (a dança das divisões!), a alimentar os gatos e cultivar uma horta, com o sempre fiel sansão. Amo-a e é das grandes certezas o seu infinito e profundo amor por mim. Muitos Parabéns, Mãe, neste teu dia. No verão ofereço-lhe um lenço fúschia (é assim?).
Ah, também o é do trabalhador, dos sindicatos e outras convenções sociais. Tive dias plenos de mulheres (pretty womans!) que são assim: fazem-se!
Um orgulho - apesar do meu quebrar de afecto neste seio, melhorado pelo tempo. Amo-a pelo que gerou, pela forma de educar (claro que também me chateia às vezes – eu já me chateio menos), pelo sacrifício e pelas dores que tem e que toma. Fuma (começou aos vinte como eu e agora queremos parar). É uma viúva serena, isolada no seu palácio cor-de-rosa (“para quê ainda mais casa?”), a pintar, a restaurar mobília (a dança das divisões!), a alimentar os gatos e cultivar uma horta, com o sempre fiel sansão. Amo-a e é das grandes certezas o seu infinito e profundo amor por mim. Muitos Parabéns, Mãe, neste teu dia. No verão ofereço-lhe um lenço fúschia (é assim?).
Ah, também o é do trabalhador, dos sindicatos e outras convenções sociais. Tive dias plenos de mulheres (pretty womans!) que são assim: fazem-se!