14.03.08 - 12.12h / 13.05h: Do Nada...


Sair da cama, vaguear pela casa (telefone do aladan para transportar instrumentos sonoros) e conduzir, sem destino. Há 24h atrás estava em direcção ao coração da cidade, voltas e voltas, e é com a Ana que vou ter para... não sei: saber dela, de mim, para nos localizarmos, estarmos (parados) em contacto. Como sempre, cumprimento e fico a ver os títulos, capas, folhear livros ao acaso, descobrir editoras e formatos até fumaramos um cigarro, ver a bici nova e marcarmos uma pausa para café. Pelos portugueses, pequenos de bolso, técnico-psíquicos, poesia... sempre.
E guia visual da noruega (ela quer telavive, beirute, mar morto... mas entretanto vai ao porto amanhã com a loli para beijo à sara e arte de cerveira), biografias de kafka e freud, actuais e desinteressantes, pintura e arquitectura. E as alterações de equipa das bertrand's - apareceu o outro mike. Saio do parque do picoas plaza.









Rumo ao local de encontro com a Vicki hora e meia antes e decido abastecer no mesmo local (o único que me lembro) perto do rio: percorro os bairros sociais da picheleira, paro na cancela da passagem de nível, estrada de chelas antiga e volto para estacionar na alameda, verde, e espero junto ao metro, na paragem da carris sob o calor da fermentação das palavras:

Da própria alienação do ser,

esperar pelos projectos de vida dos amigos,

desejando estar ao abrigo dos desvarios alheios




Actualizamos percepções erradas sobre a paixão canadiana e o sofrimento real da desilusão/raiva/dor enquanto o sol desce e me bate forte na cara, e confronto(ta)-me com a minha inércia mas consola-me a ausência de um dever de acção (tirando a parte económica, claro!). A espontaniedade da energia surge daí mesmo (espero!).



Passeamos até à fonte, pelo bairro de arroios e subimos à sua divisão, compartimento, casa (vizinhos que não lavam os cães, o segundo esta semana). Vamos descobrindo programas informáticos de roubo editorial e descemos para que cumpra o plano da manhã e compre tabaco. A despedida, o abraço (sempre, a todos - o corpo como existência); e dos que sabem da situação e me querem para eles, por mim, para os que nem imaginam e que os quero, para mim (cuida-te, miúdo!). Lanche/jantar expresso entre gente doida e enfiar-me no engarrafamento quotidiano das cidades.







Os faróis da noite e a máquina de suporte levam-me à malaposta onde encontro o rui entre colegas (que me marcam o bilhete/convite- são artistas unidos). Café, mini e cigarros convictos sobre a arte actual e o tratamento institucional, encontro a paula (também desmotivada pela inutilidade do tempo por dinheiro)com uma rita e assistimos juntos à Fábrica do Nada - musical ao estilo K.Weil/S.Godinho (também presente na plateia)no rocambole de cenas sobre o nada fazer e o valor da ausência/ausência de valor da maior parte dos gestos que nos quotidianizam - avante operários resistentes!



Daí para as catacumbas, afinal vamo-nos encontrando todos (o lars visita-nos em julho!), sempre imbecis a dirigirem e alimentarem burocracias - fora com esta gente, este país!

Ao som do jazz e dos chôps, cruzamos experiências em prespectiva, famílias, culturas musicais, vícios. Enquanto termina, depois de conhecer o trio e algumas saídas, choco com o hugo acompanhando-nos as vivências políticas (pelos meandros autárquicos do desenvolvimento cultural)do não reconhecimento em odemira. Carregamos a bateria, para o carro e para a mansão de santos, vamos ao lounge em explanações sobre engate e comemos no cacau da ribeira. Levo-os a casa.



Hoje, o mesmo. O meu café para fumadores esotérico, subir a pé e descer de carro (para buscá-lo em frente ao parque central) a cândido dos reis (como estarão os avós da ana?) e aqui, sempre, nada...

1 comentário:

Paulo disse...

Tenho saudades de ler estes teus diários sempre frescos.

Um abraço, Moi.

Correntes